A ideia de conexão é invocada por Chikuunsai IV Tanabe na instalação, que comunica o piso e o teto da sala entrelaçando 5 mil tiras de bambu sem nenhuma estrutura complementar ou cola. Isso é possível pela escolha do ponto favo de mel na base, cujo uso tem mais de 8 mil anos no Japão. No delicado trabalho, cada tira remete a uma vida que, ao cruzar-se com outras, cria formas surpreendentes. Por mais diversas que sejam as pessoas – como nos contrastes entre a cultura brasileira e japonesa –, os encontros são capazes de gerar e circular energia.
Chikuunsai IV Tanabe pertence a uma das mais importantes linhagens de trabalho em bambu no Japão. Baseada em Kyoto, sua família dedica-se à arte com o material há 125 anos. Formado em artes visuais, técnico em bambu e mergulhado em sua cultura desde o nascimento, o artista opera entre a tradição e a arte contemporânea.
Hajime Nakatomi (1974)
Prisma Circular, Nó. 2015. Bambu mandake, vime, esmalte típico de Urushi, elos circulares, amarração de vime, amarração de feixes de bambu.
Hajime Nakatomi (1974)
Hachihogu, Pagoda. 2015. Bambu mandake, vime, papel, aro de aço, esmalte típico de Urushi; elos em oito, amarração de vime.
Hajime Nakatomi (1974)
Prisma Elíptico, Céu e Terra. 2014. Bambu mandake, vime, esmalte típico de Urushi; elos elípticos, amarração de vime.
As delicadas obras de Hajime Nakatomi expressam sua abordagem pouco tradicional sobre o bambu. Prisma Elíptico liga-se à imagem da energia vinda do céu à terra por meio de um tubo elíptico; Prisma Circular usa os nós entre os círculos de bambu como alusão ao ritual de amarrar pequenos papéis em galhos, para dar sorte, em templos no Japão. Já o trabalho Hachihogu, Pagoda traz o aspecto ritual do bambu com a criação da forma do 8, considerado o número da sorte.
Nascido em Osaka, Hajime Nakatomi graduou-se em uma escola de negócios. Durante os estudos, desenvolveu-se na produção de cerâmica, mas abandonou ambas as trajetórias ao ter contato com a arte em bambu. Dedicou-se, então, à formação técnica no material e foi discípulo de Syoryu Honda, artista conhecido pela abordagem criativa sobre o bambu.
Akio Hizume (1960)
MU-MAGARI 600 (Plexo de seis 600). 2017. Retículo cristalino quasi-periódico de seis dobras em bambu cana-da-índia.