Sobre Sonoridade | Sensor de Fluxos

Sensing Streams | Sensor de fluxos

Artistas:
Ryuichi Sakamoto e Daito Manabe

Instalação:
Sensing Streams – invisible, inaudible
Sensor de fluxos – invisível, inaudível
2022

Ondas eletromagnéticas e formas abstratas:
frequências transformadas em som e imagem

Ao adentrar o espaço da Japan House São Paulo, os visitantes são recebidos por uma grande tela: um painel de LED de cinco metros de largura por cerca de dois metros de altura. Apesar de seu fundo preto, diversas imagens coloridas são formadas nessa tela, todas abstratas - ora podem lembrar a medição da frequência cardíaca, ora formas geométricas como círculos e quadrados ganham corpo, ou ainda emaranhados de linhas aparecem.

Essa profusão de imagens é acompanhada por sonoridades peculiares. Apitos, sons que remetem à tentativa de sintonizar um rádio ou uma televisão, por exemplo, chiados e tantos outros barulhos que possuem algo de reconhecível, como se fizessem parte do dia a dia de um jeito que não se percebe com facilidade.

A trilha sonora de ruídos em conjunto com uma coleção de formas e ícones gráficos está sempre sincronizada e em constante transformação.

Dê o play:

Saiba mais sobre o som, seu percurso e transmissão, com André Damião - músico, artista sonoro e doutor em Sonologia pela Universidade de São Paulo (USP):

 

Chamada Sensing Streams, que em inglês quer dizer “fluxos ou correntes de detecção”, a obra permite que ondas eletromagnéticas imperceptíveis aos humanos sejam tornadas visíveis e audíveis. Isso é possível a partir da instalação de uma antena que passa a detectar e recolher ondas eletromagnéticas que estão a todo tempo sendo emitidas por celulares, rádios, aparelhos com modo bluetooth, entre tantos outros. As ondas, responsáveis por carregar variados tipos de dados, são captadas e sua frequência é transformada em som e imagem, a partir de um software desenvolvido pela equipe do Rhizomatiks.

O que se vê na instalação

As ondas captadas pela antena da obra possuem frequência entre 80MHz (Megahertz), como as ondas de rádio FM, e 5.2GHz (Gigahertz), como os sinais Wi-Fi. Então, a partir desse conjunto de frequências os sons foram desenvolvidos e programados. Já as imagens são geradas em tempo real, o programa criado pelos artistas visualiza os sinais e a partir da frequência selecionada, o que se vê na tela é alterado. Ou seja, não há um vídeo pré-estabelecido, mas imagens que se formam a partir dos diferentes tipos de ondas existentes no espaço.

Sintonizando a vibração

O público tem papel ativo na transformação deste trabalho, uma vez que é responsável por escolher a frequência de onda que será transmitida. A partir de um controle semelhante a um controlador de volume, que está em frente à tela, em cima de um totem, o visitante seleciona e sintoniza as frequências disponíveis.

Criada inicialmente em 2014, essa obra já sofreu algumas atualizações desde então, sendo determinante o local onde é instalada e seus diferentes tipos de onda.

Sua primeira montagem foi feita para o Sapporo International Arts Festival, ou Festival Internacional de Artes de Sapporo em português. O tema daquela edição era “cidade e natureza”, então, a partir disso, Daito Manabe, criador do Rhizomatiks, passou a pensar nas ondas eletromagnéticas que carregam informações como a corrente sanguínea e sua atuação no corpo humano. A partir dessa associação, fez diversos testes e protótipos para criar a obra. Juntou-se a ele nesse projeto o músico Ryuichi Sakamoto e sua pesquisa sobre a exploração da audição, ou o processo de tornar audível dados extraídos do ambiente.

Essa colaboração permitiu a criação de uma peça que atenta para como o entorno é formado por coisas que não se notam com sentidos, que ultrapassam barreiras. Contudo, no caso das ondas eletromagnéticas, apesar de invisíveis ou audíveis, pode-se colaborar com seus fluxos por meio de dispositivos, como telefones celulares e smartphones.

Saiba mais sobre a exposição:

O que não se vê – Rhizomatiks
Voltar ao topo