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Como os Robôs Estão Ajudando a Transformar o Setor Educacional Japonês

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Wikimedia Commons

Nos meios educacionais, a Teoria da Pirâmide de Aprendizagem defende que a melhor forma de se aprender algo é ensinando alguém. No Japão, esse conceito tem ganhado aplicações práticas com o uso de robôs. As máquinas contribuem cada vez mais no desenvolvimento de habilidades dos estudantes e transformam, dia a dia, o setor educacional no país.

Professor do Departamento de Tecnologias de Interações Inteligentes da Universidade de Tsukuba, Fumihide Tanaka propôs o uso dessa técnica com a ajuda do NAO, modelo criado pela SoftBank Robotics. O humanoide de 58 centímetros ajuda estudantes de 3 a 6 anos nas aulas de inglês ao desempenhar o papel de alunos com dificuldades que precisam ser ensinados. Ao cometer pequenos erros, eles estimulam os colegas a corrigi-los e, consequentemente, aprenderem mais.

Relembre a exposição Prototyping in Tokyo, que revelou avançadas tecnologias de protótipos japoneses.

O pesquisador acredita que, ao ensinarem um robô menos inteligente, as crianças não só consolidam seu próprio conhecimento, mas também fortalecem sua autoconfiança. Há ainda outros benefícios, como o desenvolvimento de habilidades comportamentais, a exemplo da empatia e da colaboração. Dessa forma, as máquinas não substituem pessoas, mas as ajudam a sentir, pensar e agir.

Em outros experimentos, o robô trabalhou com crianças com problemas de escrita ao demonstrar mais dificuldades que os colegas. Ao mostrarem ao humanoide como escrever, os alunos se esforçaram ainda mais para melhorarem suas habilidades. Em suas pesquisas, Tanaka concluiu que a presença de robôs em sala de aula têm contribuído com o aumento da eficiência no aprendizado mais do que outras tecnologias, como quadros interativos e tablets. O segredo, acredita, está nas interações sociais que eles causam.

Entre os estudantes mais velhos, um outro modelo da SoftBank Robotics é utilizado. Com 120 centímetros, Pepper pode personalizar suas interações lembrando dos nomes dos alunos e reproduzindo diversos comportamentos humanos. O humanoide também balança sua cabeça para mostrar que está ouvindo, faz gestos, comentários e sons para demonstrar empatia. As aplicações são similares ao NAO.

O Conselho de Educação da Província de Hiroshima foi pioneiro no uso de robôs-substitutos de alunos que por alguma razão não podem estar na sala de aula. Criado pelo Ory Lab, o OriHime mede apenas 23 centímetros, grava e transmite o conteúdo para os tablets dos alunos remotos.

Kentaro Yoshifuji, CEO do Ory Lab, acredita que seus robôs desempenham um importante papel ao ajudar pessoas doentes ou com limitações físicas a se conectarem com seus familiares, amigos e professores quando não é possível que eles estejam presentes. O diferencial é que este humanoide não é pré-programado, mas controlado a distância por seu usuário.

Os benefícios vão muito além da oportunidade de acompanhar as aulas e interagir com professores e colegas. No teste realizado com estudantes internados no Hospital Universitário de Hiroshima, os resultados foram bastante positivos, inclusive no comportamento dos pacientes. De acordo com a equipe médica, os participantes demonstraram otimismo e disposição durante o tratamento, graças ao contato com os amigos.

A tendência é que, nos próximos anos, iniciativas como essas se tornem cada vez mais comuns no Japão e inspirem o uso de robôs humanoides como parceiros de aprendizagem em outros países do mundo.

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