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Como o Japão Criou Medalhas Olímpicas a Partir de Celulares Velhos

As medalhas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio 2020 foram fabricadas a partir de materiais reciclados doados pela população

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A sustentabilidade presente na organização dos grandes eventos esportivos

Estar no pódio é o grande sonho de todo atleta olímpico. É o momento em que todos os olhos se voltam para aqueles que ultrapassaram os próprios limites e são agraciados com os maiores trunfos esportivos do mundo, as medalhas de ouro, prata ou bronze.

A premiação, porém, é só parte da jornada. Os idealizadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio 2020 sabem que uma medalha simboliza não só a glória, mas também os esforços necessários para conquistá-la. Por isso, buscaram imprimir, em cada peça, a marca cultural do Japão, um país que valoriza, antes do resultado, as trajetórias individuais.

Pela primeira vez na história da competição, as medalhas foram fabricadas a partir de materiais reciclados doados pela população. E o processo, como não podia deixar de ser, foi bastante alegórico. Milhares de japoneses doaram seus eletrônicos para reciclagem e, do derretimento desses materiais, foram feitas cerca de 5.000 medalhas olímpicas.

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Mais de 6 milhões de aparelhos eletrônicos foram doados pelos japoneses

De acordo com o Japão, o comitê olímpico do país coletou aproximadamente 32 quilos de ouro, 3.500 quilos de prata e 2.200 quilos de bronze. Os materiais vieram de mais de 6 milhões de câmeras digitais, celulares, videogames e laptops. Cerca de 1.300 instituições educacionais e 2.100 lojas de eletrônicos do país apoiaram a iniciativa.

A parte interativa não parou aí. Houve um concurso nacional para que artistas e designers enviassem suas ideias para as novas medalhas olímpicas. Foram mais de 400 contribuições até que a cúpula do evento decidisse por um conceito que retratasse a ideia de que, para alcançar a glória, os atletas devem lutar diariamente.

O design escolhido para as medalhas chama atenção pelos padrões de luz e brilho. De acordo com os responsáveis pelo "Tokyo 2020 Medal Project", a luminosidade simboliza o resplendor caloroso da amizade e remete à imagem de pessoas de todo o mundo com as mãos dadas. Já as faixas que envolvem ouro, prata e bronze são feitas com fibras de poliéster recicladas e procuram se assemelhar aos padrões tradicionais dos quimonos japoneses.

Como são feitas as medalhas olímpicas e paralímpicas

As medalhas cumprem as três exigências do Comitê Olímpico Internacional: possuem a imagem da deusa grega Nike, o nome dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio 2020 e os cinco anéis olímpicos. Mas todas elas são diferentes entre si. Isso porque os artesãos japoneses cravaram, nas fibras de madeiras que abrigam cada medalha, um padrão de desenho específico para cada uma. Cada peça, assim como cada história, é única.

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Ícone máximo do esporte, as medalhas de ouro são, em Tóquio, um pouco mais pesadas que as demais: possuem 556 gramas, enquanto as de prata e bronze pesam 550 e 450 gramas, respectivamente. Cada medalha de ouro tem mais de 6 gramas de ouro banhados em prata. Já a de prata é feita totalmente de prata, enquanto a de bronze é 95% cobre e 5% zinco.

Para o designer das medalhas, Junichi Kawanishi, que é também diretor da Osaka Design Society, o processo de fabricação das medalhas visa mostrar ao mundo a importância de reciclar pequenos eletrônicos como celulares e computadores, uma parte fundamental para nos tornarmos uma sociedade sustentável. Ele também frisa a importância de valorizar o coletivo sem perder de vista que cada indivíduo é único, algo bem delineado nas medalhas.

Já as medalhas das competições paralímpicas, embora compromissadas com os mesmos valores ecológicos, são um pouco diferentes. Sob os cuidados da designer Sakiko Matsumoto, essas peças de ouro, prata e bronze foram elaboradas a partir do conceito de "novos ventos a refrescar o mundo". No centro das medalhas há um leque que representa a união de atletas independentemente de suas etnias. Como adornos, há desenhos de água, pedras, flores e folhas, que aludem ao ambiente natural do Japão.

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Design acessível para as medalhas paralímpicas

Uma novidade importante das medalhas paralímpicas é a adaptação para atletas com deficiência visual. Além de trazer o nome do evento escrito em braile, as medalhas possuem recortes circulares nas laterais das medalhas (um para ouro, dois para prata, três para bronze) que visam facilitar a identificação pelo tato. A superfície da medalha também é criada pensando no tato: as diferenças de espessuras permitem uma apreciação da peça pelo toque.

Adiados por causa da pandemia, os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 acontecerão de 23 de julho até 8 de agosto de 2021. Já os Jogos Paralímpicos começam no dia 24 de agosto e terminam em 5 de setembro.

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