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Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio: a Competição mais Tecnológica da História

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Para muitas pessoas, o ano de 2021 pode ter começado, mas 2020 ainda não acabou. É compreensível: o isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus fez com que o mundo suspendesse ritos, festividades, competições, entre outras celebrações locais e globais.

O maior evento multiesportivo do mundo, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, talvez seja o melhor exemplo de um ano que não acabou. Tanto é que, mesmo depois de adiar a competição para 2021, os organizadores optaram por manter 2020 no nome. Assim, Tóquio 2020 acontecerá entre julho e setembro de 2021, algo inédito na história da competição.

Os japoneses sabem que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio serão como nenhum outro. É provável que, até lá, as restrições de público continuem, o que os obriga a criar estratégias múltiplas. Mas, mesmo diante de tantas correções de rota, o Japão quer tornar o evento um símbolo de comunhão por meio de um dos grandes atrativos do país: a tecnologia.

Líder em áreas como robótica, aeronáutica e eletrônicos, o Japão buscará mostrar ao mundo algumas das tecnologias do futuro. Será uma espécie de reedição do que ocorreu nosJogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio em 1964, quando o país exibiu o trem-bala, algo que se tornaria uma marca do progresso no país. Para 2021, os olhos do mundo devem se voltar aos robôs e à Internet das Coisas, duas tecnologias que permeiam a cultura japonesa de inovação.

Ainda que a pandemia impeça a ida do público, Tóquio espera receber 11 mil atletas e mais de 4 mil paratletas de 206 países diferentes. Tal êxito exige um planejamento minucioso dos serviços de transporte. Por isso sensores acoplados em bondes, ônibus e trens coletam dados, identificam pontos fracos e apontam onde e quando uma manutenção é necessária. Todas as comunicações são feitas em tempo real para que não haja atrasos ou imprevistos.

Nos aeroportos, os atletas e turistas serão recepcionados por um robô do Haneda Robotics Lab, que serve como guia multilíngue e pode, em poucas frases, tirar dúvidas logísticas dos visitantes. O mesmo robô é capaz de escanear malas e recipientes e, caso encontre algo suspeito, informa as autoridades. Ele faz parte de uma gama de robôs que, além de trazerem entretenimento, são úteis para um melhor funcionamento do evento.

+ Conheça também os robôs que estão ajudando a transformar o setor educacional japonês.

Pelos estádios, as atrações robóticas são os Field Support Robot (FSR), que colaborarão com os voluntários dos jogos ao recolher objetos como dardos e bolas. Há previsão também de robôs que ajudam pessoas e atletas com necessidades especiais, os Human Support Robot (HSR), que podem guiar seres humanos e até carregar objetos leves.

Como não podia deixar de ser, os robôs e a alta tecnologia também serão os principais aliados para garantir a segurança, física e virtual, dos participantes. Além dos robôs que monitoram o centro olímpico, o Japão terá uma enorme estrutura baseada em inteligência artificial. O sistema de larga escala, integrado com câmeras e drones espalhados pela cidade, poderá reconhecer centenas de milhares de rostos ao mesmo tempo.

Outra novidade nesse campo é o escaneamento de multidões da Panasonic. A tecnologia usa dados das câmeras acopladas em carros de polícia e analisa movimentos de grandes multidões com a intenção de ajudar na mobilidade e, também, na identificação de comportamentos suspeitos. O recurso deve ser usado em combinação com um software da empresa de segurança ALSOK que mapeia expressões faciais de agressão e ansiedade.

No campo da segurança virtual, algo bastante importante em tempos de restrições de contatos físicos, o Japão inovou na contratação de 220 hackerscapazes de garantir a proteção dos dados e das comunicações do evento. A preocupação é justificável pelo número de incidentes cibernéticos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos mais recentes: em 2016, houve 4,2 milhões tentativas de ataques virtuais na estrutura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

A tecnologia também ajudará no restabelecimento de energia caso ocorra algum desastre natural. Em 2011, terremotos e tsunamis causaram muitas quedas de energia no país, o que motivou as autoridades a criarem uma tecnologia de distribuição mais robusta e resiliente. Hoje o Japão conta com ferramentas inteligentes que medem os gastos e os fornecimentos de energia. Assim, o país otimiza o gasto energético e, de quebra, evita o desperdício. Nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, afinal, nada deve sair fora do planejado.

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