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Correspondências Arquitetônicas: Brasil e Japão | Kengo Kuma

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A Japan House São Paulo e o Instituto Tomie Ohtake se uniram para a série "Correspondências Arquitetônicas: Brasil e Japão", uma troca semanal de cartas online que irá traçar um paralelo sobre temas relacionados ao MORAR nos dois países.

Querido Instituto Tomie Ohtake,

Na carta de hoje, gostaríamos de contar sobre uma tipologia de moradia que está se popularizando no Japão. São as casas compartilhadas, que estão presentes principalmente nas grandes cidades, como Tóquio e Osaka. Apesar de existir desde os anos 1990, quando eram voltadas especialmente para estrangeiros, esse tipo de moradia se tornou popular entre os japoneses a partir do final dos anos 2000, apresentando-se como um estilo de vida alternativo para jovens sozinhos e uma oportunidade de maior contato com outras pessoas, sendo difundido inclusive na mídia e em seriados de televisão.

Essas casas são locais onde se pode alugar um quarto (privado ou compartilhado), enquanto compartilham-se áreas comuns, como a cozinha, banheiro e espaços de estar com outros moradores. Essa tipologia de edifício se apresenta como um novo programa a ser explorado pelos arquitetos japoneses, que muitas vezes são convidados a criar projetos ou renovar construções existentes, na busca de espaços individuais reduzidos ao mesmo tempo que propõem a valorização de ambientes que promovam o coletivo e sociabilização.

Do ponto de vista do morador, essa opção de habitação se mostra mais barata do que alugar um apartamento e pode ser muito vantajosa para estudantes ou jovens no início de carreira que desejam habitar os grandes centros urbanos. Como no Brasil, alugar um imóvel no Japão pode ser burocrático e custoso, o que torna as casas compartilhadas atraentes, livrando o morador de contratos complexos, necessidade de fiador ou pagamento de depósitos entre outras taxas de início de locação.

As casas compartilhadas também são vistas como uma oportunidade de socialização. Algumas, por exemplo, realizam encontros periódicos para promover o senso de comunidade entre os moradores. Existem também as casas voltadas para um público específico, por exemplo, mães solteiras - uma opção muitas vezes benéfica para mulheres que trabalham e precisam de suporte no cuidado com os filhos.

Shared House in Oji (Casa compartilhada em Oji), realizada pelo arquiteto Kengo Kuma, em 2017, trabalhou com o programa da casa compartilhada. Nesse caso, o projeto consistia em renovar uma casa tradicional japonesa que pertenceu ao ex-primeiro ministro Keizō Obuchi, próxima à estação de Oji, na região de Kita, em Tóquio. Feita em madeira no período pré-guerra, ela foi transformada em uma residência compartilhada destinada a estudantes.

Preservando o exterior e a estrutura, a casa teve seu interior redesenhado para abrigar oito quartos individuais de 15m², além de uma cozinha ampla integrada com a sala de jantar e dois banheiros coletivos. Para isso, foram muito utilizadas as telas shoji, um elemento tradicional da arquitetura japonesa que continuam sendo utilizadas atualmente, como contamos na nossa última correspondência. Essas divisórias móveis são feitas com um papel grosso e translúcido, fixado em uma estrutura de madeira ou bambu e são empregadas para dividir as espaços de forma muito simples, permitindo a luz adentrar os ambientes. O papel utilizado é o tradicional washi, também presente nas divisórias da sede da Japan House São Paulo, projeto do qual Kuma também é autor, em conjunto com o escritório paulistano FGMF Arquitetos.

Esperamos que vocês tenham gostado de conhecer um pouco sobre o trabalho desse arquiteto e dessa opção de moradia no Japão. Como é o morar coletivo no Brasil? Estamos curiosos para ver alguma proposta brasileira escolhida por vocês.

Um abraço,
Japan House São Paulo

* Veja a resposta do Instituto Tomie Ohtake: leia aqui.

Correspondências Arquitetônicas: Brasil e Japão | Kengo Kuma
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imagens Kawasumi・Kobayashi Kenji Photograph Office


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